O desejo de explorar nosso corpo e nossa sexualidade é natural e uma forma de nos conhecermos melhor, não é mesmo? E, apesar de ainda ser considerado um tabu por algumas pessoas, o sexo anal é uma fonte de prazer para diversos homens e mulheres. 

Por isso, hoje falarei um pouco mais sobre o sexo anal e os mitos que rondam a prática. Vamos lá? 

6 mitos sobre o sexo anal 

1. A mulher só faz sexo anal para agradar o parceiro 

Não é a primeira vez que posto um conteúdo sobre esse tema, tanto aqui como em meu canal do Youtube. Sempre que esse assunto é levantado, recebo diversos comentários falando sobre a mulher fazer a prática apenas para agradar o parceiro. 

A realidade é que a região anal é uma região erógena, cheia de terminações nervosas que permitem que, tanto mulheres quanto homens, sintam prazer na penetração anal. 

O prazer que vem da penetração anal está diretamente ligado ao relaxamento da região, afinal, quando o músculo se contrai, a penetração se torna mais difícil e pode até machucar o ânus. 

Por isso, um dos requisitos para ter prazer no sexo anal é estar relaxada e confortável para a prática. 

2. Sexo anal não transmite doenças 

Esse mito vem, principalmente, da falta de informação sobre a prática. Assim como diferentes práticas sexuais, o sexo anal pode transmitir as IST’s (Infecções sexualmente transmissíveis). 

Algumas infecções, como o HIV, tem o risco de transmissão aumentado quando o ato sexual é feito via anal. O risco de transmissão aumenta consideravelmente quando: há feridas na região, se algum dos parceiros tiver outras IST’s, quando há ejaculação interna e quando a penetração anal é feita sem lubrificante para sexo anal

A falta de lubrificação adequada gera mais trauma durante a penetração anal, o que pode ser uma porta de entrada para infecções. 

3. O preservativo protege contra todas as IST’s 

Algumas IST’s permanecem transmissíveis mesmo com o uso do preservativo. Entre elas estão: o HPV, sífilis, clamídia e gonorreia (que, em muitos casos, acometem uma mesma pessoa ao mesmo tempo). 

Essas IST’s podem ser transmitidas mesmo com o uso do preservativo porquê, muitas vezes, a área que está transmitindo a doença não está em contato direto com o preservativo. 

Por exemplo, a base do pênis, que não está protegida pelo preservativo, pode ser uma área que está transmitindo a infecção. Pode acontecer, também, da doença estar na região do reto que, ao receber a penetração, transmite para a pele ao redor e a pele do parceiro. 

Ou seja, essas doenças não são transmitidas pelo sêmen ou outros fluidos, mas sim pelo contato pele com pele. Entretanto, isso não quer dizer que você não deve usar o preservativo! 

A camisinha é um mecanismo de barreira que reduz o risco de transmissão de diferentes doenças. Além disso, de acordo com o Ministério da Saúde, o preservativo é o método mais eficaz na proteção contra o HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis. 

4. Não tem risco em se ter múltiplos parceiros 

Tanto na prática do sexo anal como por outras vias, ter múltiplos parceiros aumenta consideravelmente as chances de transmissão de doenças. 

Por exemplo: em algumas populações, há mais chance de uma pessoa ter o HPV do que não ter. Sendo assim, quanto mais parceiros uma pessoa dessa população tiver, maior a chance dela contrair o vírus. 

Nesse mesmo contexto, compartilhar brinquedos sexuais também aumenta o risco transmissão, independente de eles serem usados para penetração anal ou não. Por isso, quando for usar consolos e outros brinquedos, sempre faça a higienização deles antes do ato, use camisinha para fazer a penetração e, de preferência, tenha um brinquedo para cada pessoa que está no ato. 

Além disso, como eu disse acima, não esqueça de utilizar o lubrificante para sexo anal, ele ajuda a manter a mucosa lubrificada e reduz o atrito na região, reduzindo as chances de contaminação. 

5. Todo mundo que faz sexo anal tem alguma IST

Essa visão sobre o sexo anal vem muito dos tabus que cercam a prática. Como eu disse antes, homens e mulheres podem ter prazer com a penetração anal, e essa prática pode ser feita por pessoas solteiras, casais, pessoas mais jovens com ou mais idade e de diferentes classes sociais. 

O estigma de que quem pratica sexo anal necessariamente tem diferentes IST’s precisa ser combatido. 

Assim, para tornar a prática ainda mais segura, hoje temos a PREp, que é profilaxia pré-exposição. Ela é um combinado de medicamentos que são utilizados no tratamento do HIV. 

A PREp é utilizada de forma contínua ou pontual para prevenir a transmissão do HIV. Assim, uma pessoa que está utilizando esses medicamentos, está protegida contra a infecção pelo HIV. 

Entretanto, vale ressaltar que a PREp protege apenas conta a infecção do HIV e, por isso, para se proteger contra outras IST’s é necessário utilizar a caminha nas relações sexuais. 

6. O sexo anal causa incontinência 

Inicialmente, alguns pequenos estudos mostram que o sexo anal pode aumentar os riscos de incontinência anal, entretanto, esses estudos ainda não têm comprovação.

A prática do sexo anal ou mesmo do fisting pode, em alguns casos, comprometer a musculatura anal. 

Por isso eu disse logo no início do conteúdo: a pessoa que vai receber a penetração anal deve estar relaxada e ter consentido a prática, além de utilizar um lubrificante para sexo anal. Isso fará com que os riscos de uma lesão na musculatura diminuam, tornando a prática segura. 

Enfim, espero ter sanado alguns mitos que cercam o sexo anal. Gostaria de lembrar que aqui é um espaço seguro e sem julgamentos e que, além disso, não há nada  de errado em explorar sua sexualidade. 

Entretanto, busque realizar a penetração anal respeitando sempre seus limites e o limite do seu parceiro, sempre conversem durante o ato para saber se está doendo ou machucando. Evitem utilizar lubrificantes que tirem a sensibilidade da região e, por último, mantenham seus exames em dia!