Você já analisou o seu cocô? Essa pergunta pode parecer estranha num primeiro momento, mas analisar a cor, aspecto e consistência das fezes – e compreender como elas são catalogadas na escala de Bristol – nos ajuda a entender melhor o funcionamento de nosso organismo. Além disso, muitas vezes vai ser possível identificar, através das fezes, se está na hora de investigar algum sintoma mais a fundo.

A escala de Bristol cataloga o tipo das fezes. Dessa forma, veremos informações desde as fezes menores, duras e em formato de bolinhas – conhecidas como cocô de cabrito – até evacuações com a consistência das fezes mais aquosas, como a diarreia. As fezes em formato de bolinha, ou cíbalos, geralmente são resultado de uma alimentação com pouca fibra ou pouco líquido, chamando atenção para uma mudança na alimentação.

Por outro lado, o outro extremo da escala de Bristol fala das fezes aquosas, conhecidas como diarreia. Podemos ter uma diarreia aguda ou diarreia crônica, por isso, fique atento: a diarreia aguda é aquela que ocorre pontualmente, às vezes após comer algo que desregule a flora intestinal. Este tipo de diarreia tende a durar, no máximo, por uma semana e o tratamento, em geral, é feito com reidratação e controle dos sintomas.

A diarreia subaguda ou diarreia crônica é um quadro que merece atenção. Não é comum que a consistência das fezes esteja líquida com frequência. Portanto, se o quadro de diarreia durar mais de duas semanas, é necessário realizar uma investigação sobre o que está desregulando a flora intestinal e entrar com tratamentos mais assertivos, como antibióticos, em alguns casos.

Além da consistência das fezes, o que mais analisar?

Formato
O formato das fezes também deve ser levado em consideração. Quando as fezes estão bem formadas, elas costumam ter um formato cilíndrico, com o diâmetro de 2 a 4 cm, dependendo da pessoa. Se as fezes se afinam de maneira repentina, mesmo que a consistência das fezes permaneça a mesma, é necessário investigar, pois é possível que o ânus esteja sofrendo um estreitamento, o que impede que as fezes passem com o diâmetro normal.

Papilas hipertróficas ou trombose hemorroidária estão entre os motivos mais frequentes para essa mudança de formato, mas não são os únicos. Em alguns casos, o câncer de reto ou câncer de ânus também podem influenciar no formato das fezes e, por isso, é tão importante estar atento às mudanças.

Alternância
Fezes que num momento estão mais amolecidas e em seguida ficam mais duras também podem ser um sinal de alerta. A consistência das fezes tende a variar um pouco por causa do tipo de alimentação, mas variações a longo prazo podem ser sinal de pólipos e até mesmo câncer intestinal e outras alterações no intestino e no reto.

Cor das fezes
Novamente, as fezes podem apresentar mudança na coloração por causa da alimentação. Por exemplo, é comum que as fezes fiquem avermelhadas após consumir beterraba em grande quantidade. Entretanto, quando a cor das fezes muda motivo aparente, é uma razão para investigar. E, ao falar da cor das fezes, é importante lembrar que, em caso de sangue nas fezes, nem sempre ele vai se apresentar com a coloração vermelha. É possível que ele apareça com uma coloração mais escura, indicando que já foi metabolizado pelo organismo.

Alimentos não digeridos
Encontrar um milho inteiro nas fezes não é incomum, já que no organismo não digere esse alimento. Entretanto, encontrar alimentos como arroz e carne nos desperta atenção para um possível problema de digestão.

Presença de muco
Pode ocorrer o aparecimento de muco nas fezes em quadros de intestino irritável ou quando ocorre grande variação na alimentação. Entretanto, o muco como sintoma recorrente pode ser sinal de uma desregulação intestinal.

Bem, estes foram alguns motivos para analisar o cocô de tempos em tempos. Nosso corpo sempre nos alerta sobre alterações no organismo e, ao identificar alguma delas, busque um médico e não se automedique.