Você sabe o que é incontinência fecal? A incontinência fecal é um quadro que afeta diversas pessoas e impacta diretamente na qualidade de vida. Nesse quadro, escape de fezes e gases se tornam comuns e, muitas vezes, ocorrem sem que a pessoa perceba.
Assim, as pessoas tendem a se afastar do seu convívio social por vergonha da situação. Além disso, muitas têm vergonha de buscar atendimento médico, o que atrasa ainda mais um tratamento adequado.
Sendo assim, hoje falaremos sobre o que é incontinência fecal, sintomas e incontinência fecal causas e tratamentos. Para deixar o conteúdo ainda mais rico, reuni algumas falas do querido Dr. Alexandre Ferrari, médico coloproctologista e meu colega no Instituto Medicina em Foco. Vamos lá?
O que é incontinência fecal?
Bem, podemos definir a incontinência fecal como a perda ou escape de fezes de maneira involuntária. Clinicamente, para que os escapes sejam considerados uma incontinência, eles devem acontecer uma vez por semana por três semana consecutivas.
Apesar do termo incontinência fecal ser o mais utilizado, hoje termo incontinência anal é o mais recomendado. Afinal, não é incomum que com o escape de fezes ocorram também escape de gases e até mesmo o paciente sofra com um prolapso anal.
Por apresentar diferentes sintomas, em geral, o diagnóstico para incontinência é feito com base nos relatos do paciente e não com base em exames.
Apesar de ser possível avaliar a região com exames, nos guiamos com o que o paciente sente e em como ele é afetado.
Assim, levamos em consideração se a incontinência anal e seus sintomas fez com que o paciente mudasse seus hábitos, buscamos saber se ele se sente prejudicado e está restrito à sua casa, por exemplo.
Dessa forma, cada uma desses relatos vão “pontuando” e, quanto maior a pontuação, mais grave consideramos a incontinência anal.
Incontinência fecal causas
Existem diferentes causas para a incontinência anal. Fatores emocionais e físicos, por exemplo, estão na lista. Afinal, que nunca teve diarreia (ou viveu um episódio de prisão de ventre) quando ficou ansioso?
Além disso, a região anal é repleta de músculos e nervos que, ao serem feridos, sofrem danos que impactam na continência.
É importante ter essas questões em mente, afinal, a depender do nosso estado emocional e físico, a percepção da vontade de evacuar e até mesmo do tipo de fezes pode mudar. E tudo isso afeta a continência.
A medida que envelhecemos, é normal que a massa muscular diminua, certo? Geralmente, quando pensamos nisso, logo associamos aos músculos das pernas e braços, mas esse processo também afeta aos músculos da região anal.
Assim, a incontinência anal pode ocorrer após a diminuição da massa muscular, o que ocorre naturalmente quando ficamos mais velhos.
Além disso, esses são outras situações que podem causar a incontinência fecal:
- Lesões que podem ocorrer no parto, levando à incontinência anal no pós-parto;
- Cirurgias prévias na região do ânus, como o tratamento de fístulas e fissuras;
- Violência sexual e demais traumas na região
- Alterações neurológicas causadas por outro quadro. A diabetes, por exemplo, altera a percepção dos nervos do corpo e também a capacidade de controlar os músculos.
Por isso ouvir o paciente e entender como a incontinência afeta o dia-a-dia dele é tão importante para o diagnóstico e tratamento. Entretanto, isso não dispensa os exames diagnósticos e vamos conhecer alguns deles a seguir.
Exames disgnósticos para a incontinência
Manometria
A manometria é capaz de avaliar as pressões do ânus. Ou seja, ela é capaz de avaliar a força do ânus.
Para fazer a manometria o paciente deve estar acordado e sem sedação. No processo, inserimos a ferramenta, que se parece com um canudinho, e pedimos que o paciente faça pressão.
Assim, identificamos se a pressão do ânus está compatível com a pressão necessária para realizar a continência das fezes. Além disso, conseguimos identificar também se o paciente faz a pressão correta para estimular a evacuação.
Eletroneuromiografia
A eletroneuromiografia é utilizada para avaliar o sistema nervoso periférico, como músculos e nervos.
Paciente que sofreram alterações neurológicas, traumas na região ou traumas no parto podem ter sofrido uma alteração nos nervos da região. Assim, eles passam a não emitir corretamente os sinais relacionados à vontade de evacuar.
Assim, a eletroneuromiografia identifica as alterações da enervação na região. Esse exame é feito através de eletrodos na região.
Defecorressonância – ou Estudo Dinâmico do Assoalho Pélvico
Esse exame, como o nome diz, é utilizado para identificar alterações em todo o assoalho pélvico.
Assim, conseguimos avaliar se alguma parte do músculo se desconectou ou se há alguma alteração local.
Além disso, é possível avaliar como cada músculo está quando o paciente está evacuando. Daí o nome “defecorressonância”, porque o paciente, muitas vezes, vai defecar durante o exame.
Todos esses exames para o diagnóstico de incontinência fecal podem parecer estranhos ao paciente, a primeira vista, mas são extremamente seguros e tem uma baixíssima taxa de complicação.
Tratamentos para incontinência fecal
O tratamento para incontinência anal mudou muito nos últimos anos. Se antes tínhamos tratamentos clínicos que consistiam em esvaziar o intestino, hoje contamos com intervenções cirúrgicas e outros tratamentos multidisciplinares.
Fisioterapia pélvica
Nesse tratamento, com o mesmo aparelho que fazemos a manometria, ajudamos o paciente a fazer um treino da musculatura anal. Assim, ele aumenta o domínio dessa região do corpo, passando também a compreender melhor os sinais das vontades de evacuar.
Neuromodulação sacral
É um tratamento relativamente novo, que funciona como se fosse um pequeno marcapasso.
Nesse tratamento, é implantado um pequeno eletrodo na região anal que gera m pequeno estímulo no nervo. Isso auxilia a percepção das fezes no reto, ajuda na continência. Inclusive, alguns estudos apontam que a neuromodulação recupera até 50% da continência na região.
Conclusão
Hoje vimos que a incontinência fecal – ou incontinência anal – envolve diversos fatores, desde questões musculares até emocionais.
Por isso, se você tem notado escape de fezes, não deixe de buscar ajuda. Muitos fatores podem levar a esse quadro e, juntos, podemos buscar a melhor solução para suas necessidades, devolvendo a qualidade de vida e a autonomia.
Não tenha vergonha de abrir com seu médico. Estamos aqui para acolher suas necessidades e melhorar os aspectos do seu dia-a-dia!
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