Hoje gostaria de abordar um tema que ainda não falei aqui no blog: a regra de Goodsall, utilizada no tratamento de fístulas. As fístulas perianais são uma condição desafiadora e, muitas vezes, desconfortável, que pode causar sintomas persistentes e complicações se não tratada adequadamente. Por isso, entender como as fístulas se formam e o trajeto que elas podem seguir é essencial para um tratamento eficaz. 

Sendo assim, vamos entender a regra de Goodsall, uma ferramenta valiosa que utilizamos na proctologia para identificar e planejar o melhor tratamento para as fístulas perianais. 

O que é a regra de Goodsall?

A regra de Goodsall é um princípio importante que utilizamos no diagnóstico de fístulas perianais, uma condição em que há uma comunicação anormal entre o canal anal e a pele ao redor do ânus. Para simplificar, imagine que existe um pequeno “tubinho” ou trajeto anormal sob a pele que conecta o interior do ânus à pele próxima a ele. Esses trajetos podem variar em formato: podem ser curtos ou longos, únicos ou múltiplos. 

A regra de Goodsall nos ajuda a prever o percurso provável dessa fístula, o que é essencial para determinar o melhor tratamento. Para entender melhor essa regra, precisamos primeiro compreender o que chamamos de região “anterior” e “posterior” ao ânus. 

Região anterior e região posterior: o que são?

No contexto médico, “anterior” refere-se à área em direção aos órgãos genitais – como o pênis ou a vagina – enquanto “posterior” aponta para a direção das costas.

Vamos imaginar um quadro para visualização: desenhamos uma linha reta que divide o ânus em duas metades – anterior e posterior. Se o paciente estivesse deitado de barriga para baixo, a parte anterior estaria voltada para a frente do corpo, enquanto a parte posterior se direcionaria para as costas.

Agora, desenhamos um círculo ao redor do ânus, com cerca de cinco centímetros de distância, para delinear uma zona de referência. A partir dessa linha imaginária, podemos aplicar a regra de Goodsall: as fístulas que se originam na região anterior, dentro dessa zona de cinco centímetros, tendem a seguir um trajeto reto e direto em direção ao ânus. Em outras palavras, elas são mais lineares e radiais.

Por outro lado, as fístulas que se encontram na região posterior, independente de estarem próximas ou distantes do ânus, costumam seguir um caminho curvo que leva à linha média posterior – a posição de “seis horas” se pensarmos em um relógio sobreposto ao ânus.

Essa distinção é indispensável para o planejamento cirúrgico. Se uma fístula se origina a mais de cinco centímetros de distância na região anterior, ela pode ainda assim ter uma trajetória que se inclina para a linha média posterior. Portanto, a regra de Goodsall nos orienta sobre a direção que esses trajetos provavelmente tomarão, o que nos permite planejar um tratamento mais eficaz e menos invasivo.

Se a fístula estiver bem distante do ânus, a tendência é que ela siga um caminho que vá para a parte posterior do ânus. A chamada “regra de Goodsall” não é exatamente uma regra rígida, mas sim um guia ou sugestão que indica que a maioria das fístulas tende a seguir um determinado trajeto. Por exemplo, se um paciente apresenta uma fístula na região anterior, que se estende até a área do escroto, bem longe do ânus, existe uma probabilidade de que essa fístula tenha origem na região posterior do ânus. Mesmo sendo anterior, a tendência é que ela comece na parte de trás do ânus.

A regra de Goosdall é o melhor método para avaliar as fístulas?

No entanto, hoje em dia, não dependemos tanto dessa regra, pois contamos com exames de imagem avançados que nos ajudam a entender o trajeto exato da fístula com muito mais precisão. Além disso, dispomos de técnicas modernas de tratamento, como a técnica de vídeo, que permite explorar a fístula internamente e identificar seu caminho completo, onde quer que ele esteja.

A regra de Goodsall foi muito útil por muitos anos, nos ajudando a pensar sobre o possível trajeto das fístulas, mas agora temos outras ferramentas que nos permitem uma identificação mais precisa. É importante lembrar que, embora essa orientação seja chamada de “regra”, na verdade, ela é apenas uma sugestão e não uma certeza absoluta. Já vi muitos casos de fístulas anteriores longas que drenam para a parte anterior do ânus.

Se você suspeita que possa ter uma fístula, é fundamental procurar ajuda médica o quanto antes. As fístulas podem causar desconforto e, se não tratadas, levar a complicações mais sérias. 

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Estou aqui para ajudar você a encontrar o caminho para uma saúde intestinal melhor e mais confortável!