Já esclarecemos diversas dúvidas sobre fístula anal – ou fístula perianal – por aqui, mas sempre surgem novos questionamentos. Afinal, é possível que as fístulas se fechem sozinhas? Hoje falarei um pouco mais sobre o tratamento de fístula, vamos lá?

Como muitos de vocês já sabem, as fístulas são comunicações que ligam a região interna do ânus à região externa. Geralmente, uma fístula perianal é formada a partir de um abscesso, uma inflamação na região, que gera pus e, ao drenar o pus, o caminho que forma a fístula anal é criado.

Bem, dito isso, vamos entender se é possível que uma fístula perianal cicatrize sozinha, sem a necessidade de um tratamento de fístula. Como vocês já sabem e eu sempre digo: depende! Cada quadro é único e, por isso, é difícil afirmar com precisão a possibilidade da cicatrização.

Em alguns casos, é possível que a cicatrização da fístula anal ocorra logo após a formação do abscesso e o quadro demanda de acompanhamento médico para avaliar se a cicatrização está ocorrendo corretamente. Entretanto, no geral, consideramos as chances de as fístulas cicatrizarem sozinhas baixas. Vamos ver a razão?

 

Fístula perianal, por que não cicatriza sozinha?

Isso ocorre já que, por ser consequência de um abcesso e drenar toda a inflamação contida na região, é comum que o corpo passe a utilizar o trajeto das fístulas para drenar demais secreções do local. É difícil que essa drenagem seja feita pelo ânus, já que nele encontramos as musculaturas dos esfíncteres, que estão “fechadas” para impedir o escape de fezes.

Outro motivo que dificulta a cicatrização é que, em muitos casos, uma pele se desenvolve dentro da fístula perianal. Assim, com a pele “no caminho”, é difícil que as extremidades da fístula se unam e cicatrizem. Além disso, em muitos casos as fístulas desenvolvem um tecido de granulação. Esse tecido está constantemente inflamado e produzindo secreção no interior das fístulas. Dessa forma, a secreção precisa ser drenada, utilizando assim o trajeto pré existente.

Uma fístula anal com orifício interno muito grande também apresenta uma difícil cicatrização sem que haja um tratamento de fístula. Isso acontece, pois, a entrada de bactérias e secreções na fístula ocorre constantemente. Além disso, o nível de inflamação no local também impede uma cicatrização natural. Assim, quanto mais inflamado o local, mais difícil a cicatrização.

Doenças pré existentes também estão na lista. A Doença de Crohn, por exemplo, dificulta a cicatrização no local e, demanda de muito cuidado no momento da escolha do tratamento de fístula. Esse cuidado é necessário já que um tratamento muito invasivo apresenta mais dificuldade de cicatrização em pacientes com a Doença de Crohn.

Fístulas que já foram operadas também têm menos chance de uma cicatrização sem intervenções. Quando uma fístula é recidiva, o tecido da região se torna mais fibroso e apresenta dificuldade de cicatrização.

Então, qual o tratamento de fístula adequado?

 

Tratamento de fístula

O setón ou sedenho é um método de tratamento de fístula que consiste na colocação de uma borracha no interior da fístula, impedindo que a passagem se feche. Mas não se preocupe, você não leu errado! Esse método é utilizado quando existe uma grande quantidade de secreção para drenar, permitindo que a drenagem seja feita de forma mais rápida.

Assim, após a drenagem completa das fístulas, em muitos casos é possível que ela cicatrize sozinha ou então, se torne uma fístula simples, o que permite o uso de outro método. Em fístulas simples, podemos adotar o laser de fibra no tratamento de fístula. A cirurgia com o laser é minimamente invasiva e, geralmente, apresenta boa cicatrização e pós-operatório.

Se você quer entender mais sobre fístulas, me acompanhe no YouTube e, ao notar sintomas de fístula, busque atendimento médico.