Todos os anos, no mês de outubro, acontece a campanha do Outubro Rosa. Nela, falamos a respeito da importância da conscientização e diagnóstico precoce do câncer de mama. Por isso, hoje falarei mais sobre os fatores de risco, fatores protetores e algumas controvérsias sobre o câncer de mama.
Todo este conteúdo é baseado em minha entrevista com a Dra. Débora Balabram, mastologista e professora de cirurgia na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Você pode conferir a primeira parte da entrevista clicando aqui.
Dessa forma, vamos começar falando sobre as controvérsias que envolvem este tema, vamos lá!
Teste genético para câncer de mama e a mastectomia preventiva
Certamente você já ouviu falar sobre a mastectomia, mesmo que não saiba o nome. A mastectomia é um processo cirúrgico de retirada das mamas.
A mastectomia preventiva é a retirada das mamas antes mesmo que alguma alteração cancerígena seja encontrada na região.
Esse procedimento foi feito pela atriz Angelina Jolie em 2013, após um teste genético apontar que ela tinha 87% de chances de desenvolver um câncer de mama. A atriz retirou as duas mamas.
Mas, será que todas as mulheres precisam realizar a mastectomia preventiva?
Bem, segundo a Dra. Débora Balabram, na maior parte dos cânceres de mama, não é possível encontrar uma mutação genética que vai causar a doença, mesmo que a mulher tenha histórico na família.
Assim, quando a mulher tem parentes de primeiro grau com diagnóstico de câncer de mama, como a mãe, o indicado é que um teste genético seja feito. Dessa forma, avaliamos se a mulher tem uma alteração que aumenta o risco de câncer de mama e, nesse caso, indicamos a mastectomia preventiva.
A mastectomia é indicada, pois as mulheres desse grupo, tem entre 70% e 80% de chances de desenvolver câncer de mama. Fazendo a cirurgia, esse risco diminui 90%.
Reposição hormonal aumenta os riscos do câncer de mama?
É comum que, ao passar pela menopausa, as mulheres sejam orientadas a fazer a reposição hormonal. Essa reposição, principalmente quando feita por longos períodos ou com hormônios combinados, pode sim aumentar os riscos do desenvolvimento do câncer de mama.
A reposição, quando feita por aproximadamente 5 anos, eleva a taxa de probabilidade. Assim, uma mulher entre 50 pode desenvolver o câncer de mama após 5 anos ou mais fazendo uma reposição hormonal.
Uma dúvida que pode surgir é a possibilidade de realizar a reposição hormonal com hormônios bioidênticos, é mais seguro? A Dra. Débora garante que, em termos de riscos, não há diferença entre esses e outros hormônios. Ou seja, não existe vantagem no uso dos hormônios bioidênticos.
Atenção, objetivo, ao passar essa informação, não é causar pânico nem desaconselhar que você faça a reposição hormonal, caso orientada por um médico. Realizar essa reposição traz benefícios, como a melhora do fogacho e do ressecamento vaginal.
Por isso, converse com seu médico para que ele avalie sua saúde como um todo.
Fatores de risco para o câncer de mama
Como falamos acima, a reposição hormonal prolongada pode aumentar os riscos de câncer de mama. Ou seja, quanto mais tempo exposto aos hormônios, mais chances de ocorrer o desenvolvimento de um câncer.
O histórico familiar também nos diz muito sobre o risco de desenvolver o câncer de mama. Quando parentes de 1º grau, como mãe, irmã ou filha, são diagnosticadas com câncer de mama, existe o risco genético de um diagnóstico.
Outro fator é a densidade mamária. Quanto mais densa a mama, mais riscos de câncer. Por isso a importância de realizar a mamografia, pois, no exame, é possível avaliar a densidade mamária.
O início do ciclo menstrual também pode indicar riscos. Quanto mais cedo a primeira menstruação e, por outro lado, quanto mais tarde a menopausa, maior o risco de câncer de mama.
Vale a pena citar, também, que em média, 1 em cada 12 mulheres receberá o diagnóstico do câncer de mama, um número alto. Outro ponto importante a se ressaltar é a idade: quanto mais avançada a idade, maior o risco.
Mas, se esses são os fatores de risco, existem práticas que possam auxiliar na prevenção?
Fatores de proteção para o câncer de mama
Evitar o consumo de bebidas alcoólicas, como sabemos, é uma forma de manter a saúde em dia, certo?
Além de ser benéfico para outras áreas, evitar o consumo de bebidas alcoólicas diminui o risco de câncer de mama. Quando uma mulher consome, em média, um drink por dia, ela aumenta o risco em 10%. Por isso, sempre que puder, evite o álcool.
Outra atitude que é benéfica em diversas áreas é a amamentação. Cada 5 meses que uma mulher passa amamentando, o risco do câncer de mama diminui em 2%.
Mastectomia é o único tratamento?
Apesar da mastectomia ser um tratamento conhecido, nos estágios iniciais do câncer, é possível adotar outra abordagem.
O tamanho da lesão é o ponto principal levado em consideração para a escolha do tratamento. Quando é possível retirar o nódulo inteiro, sem deixar vestígios, é feita a retirada e, em seguida, a paciente é encaminhada para a radioterapia.
Em outros casos, a quimioterapia é feita para diminuir o nódulo e também avaliar a sensibilidade do câncer à medicação. Quando a resposta é boa, o tratamento pode sofrer alteração.
Bem, essas foram algumas informações sobre o câncer de mama e Outubro Rosa. Espero que todas as informações passadas tenham sido esclarecedoras!
Lembrando que todo o conteúdo foi construído com base nos conhecimentos da Dra. Débora Balabram. Foi um prazer recebê-la para um bate-papo.
A todas as mulheres que me acompanham: façam o autoexame e, caso percebam alguma alteração, busquem atendimento médico!
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