Você já foi a uma consulta em que o médico te perguntou se você praticava sexo anal e você se questionou sobre a necessidade dessa pergunta? Bem, algumas pessoas podem ficar um pouco tímidas ao compartilhar detalhes da vida sexual, mas saber sobre a prática de sexo anal, em muitos casos, pode ajudar e fechar um diagnóstico corretamente. Vamos entender mais sobre isso?
A vida sexual de uma pessoa influencia diretamente nos fatores de risco para doenças infecciosas, como o HPV e aumenta também no risco de câncer. Por isso, é importante saber quantos parceiros essa pessoa teve na vida e também nos últimos 12 meses. E em caso de ter tido apenas um parceiro nos últimos 12 meses, é importante saber se esse parceiro é recente. Assim, entendemos os riscos de exposição que o paciente sofreu.
HPV e o risco de câncer de ânus
Para entender melhor a importância da anamnese, vou usar como exemplo o HPV. O HPV é um vírus que pode ser transmitido nas relações sexuais – por isso, é classificado como uma IST – e é responsável por causar verrugas na região genital e perianal. Nem sempre a pessoa com o vírus HPV vai apresentar sintomas, mas mesmo assim pode infectar os parceiros.
Além disso, o HPV pode ser transmitido mesmo em relações com camisinha. Por isso, saber quantos parceiros sexuais um paciente teve nos últimos 12 meses é importante e ajuda a traçar o perfil de risco. Mas, o que isso tem a ver com o sexo anal?
Bem, o HPV é o principal fator de risco de câncer de colo uterino e câncer de ânus. Assim, quem pratica sexo anal, tem 20x mais risco de desenvolver um câncer de ânus. Por isso, na anamnese o médico pergunta sobre a prática do sexo anal, já que é extremamente importante conhecer o histórico do paciente.
IST’s que podem ser transmitidas pelo sexo anal
Antes de falar sobre as IST’s, vou me aprofundar no que disse acima: mesmo com a camisinha, é possível que a transmissão de algumas infecções ocorra. Isso por que algumas delas não dependem do contato com o sêmen para serem transmitidas.
Assim, com uma doença que pode ser transmitida pela pele ou através do contato com outras secreções, o preservativo pode não ser totalmente eficaz. Portanto, IST’s como HPV, clamídia, gonorreia e sífilis ainda podem ser transmitidas.
Por isso, além do risco de desenvolver um câncer de ânus, a prática do sexo anal, assim como outras formas de sexo, pode ocasionar alguma infecção sexualmente transmissível, a IST.
A clamídia e a gonorreia, em até 50% dos casos, andam juntas e podem ser assintomáticas. Entretanto, a transmissão ocorre normalmente. A sífilis, por outro lado, pode manifestar inicialmente como uma verruga, mas nem sempre se manifesta no local, podendo se apresentar de forma intra retal.
Além disso, algumas dessas IST’s podem se transmitir via intra útero, quando a mãe está infectada. Por isso, investigar a vida sexual do paciente é tão importante.
Por que o sexo anal merece tanta atenção?
Em relação às outras formas de prática do sexo, como sexo vaginal ou oral, o sexo anal possui uma maior vascularização, o que o deixa mais suscetível a traumas. Assim, quando existe o trauma, uma lesão é causada, o que aumenta os riscos de infecções.
Por isso, é necessário tomar alguns cuidados para praticar o sexo anal:
- Uso de preservativos: o uso da camisinha diminui o risco de trauma, escoriações e fissuras na região. Além disso, evita o contato direto do pênis com o ânus. Isso diminui o risco de infecção urinária em quem está fazendo a penetração.
- Lubrificante: também atua diminuindo o risco de transmissão de IST, já que a lubrificação diminui o atrito, o que evita que haja traumas.
- Escolha corretamente os objetos para masturbação: hoje encontramos uma grande variedade de masturbadores no mercado, com um material mais apropriado e anatomicamente seguro. Prefira sempre esse tipo de objeto para o sexo anal, já que produtos que não foram feitos com essa finalidade podem ficar presos no ânus, causando irritação e, em alguns casos, a retirada é feita de forma cirúrgica. Além disso, lembre-se de sempre higienizar corretamente esses objetos e, se for compartilhar, o uso da camisinha é indicado.
E é por causa de todos esses tópicos que o médico, seja ele clínico geral ou um médico especializado, deve perguntar sobre a prática do sexo anal durante a anamnese. Não é necessário ter vergonha de compartilhar algumas preferências, toda informação dada ajuda a cuidar melhor de sua saúde.
Entretanto, caso não se sinta confortável para conversar isso com o profissional que te acompanha, seja por questões pessoais ou o que for, fique a vontade para buscar outro profissional com uma abordagem diferente. Só não deixe de se cuidar!
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